:: Conservar Àgua, uma questão de sobrevivência!

A água disponível no mundo vai dar para toda a sua população? Reflita sobre os dados abaixo e tire você mesmo uma conclusão.

1. Por que preservar as fontes da vida
2. A carência de água da população
3. A falta de conscientização da população
4. A seca no Nordeste
5. O limite e a má distribuição de água no mundo
6. A saída é a cooperação
7. Contaminação gera prejuízos à saúde
8. Conflitos mundiais e a escassez de água
9. Uma ameaça ronda a Terra

 

1. Por que preservar as fontes da vida

Lata d’água na cabeça, lá vai Maria caminhar 15 quilômetros para encontrar o precioso líquido. Em poucas décadas, essa imagem pode deixar de ser exclusiva das regiões áridas para se tornar um problema mundial. No ano internacional dos oceanos, a falta de água já atinge 20% da população do planeta. Por isso, deixa de ser assunto exclusivo dos ambientalistas e passa a fazer parte do dia-a-dia da sociedade, em geral.

Relatório da Organização das Nações Unidas (ONU) mostra que, em 28 anos, a carência de água vai afetar dois terços da população mundial. Ou seja, das 8,3 bilhões de pessoas que devem estar habitando a Terra em 2025, nada menos que 5,5 bilhões vão sofrer pela escassez de água, cuja disponibilidade deve ser reduzida em 35% para cada pessoa.

A ONU instituiu o dia internacional da água em 22 de março, antevendo ainda que, no começo do século XXI, um terço dos países do mundo terá escassez permanente do produto. O dia nasceu da Conferência Internacional da Água, ocorrida em Dublin, na Irlanda, em abril de 1992.

 

2. A carência de água da população

A ambientalista Tea Magalhães, coordenadora-executiva da organização não-governamental Água e Vida, observa que a quantidade de água no mundo é a mesma desde a antiguidade. Por isso, tecnicamente não está se tornando escassa. Está, sim, havendo carência. “Além da poluição dos recursos hídricos, o que acontece é que a população tem aumentado e vem se concentrando em locais onde a água é pouca”, diz Tea.

Outro fator que diminui a disponibilidade de água, segundo a ambientalista, é a irrigação crescente, “que gera disputa pela água onde há muita população”. Assim, o problema de carência de água deve ser entendido também como a preocupação em tratar os esgotos e encontrar soluções para as áreas com pouca água por habitante.

Com a falta de planejamento urbano, essas soluções estão longe de aparecer. Através de políticas urbanas de melhor aproveitamento do território, os problemas poderiam ser minimizados. Mas não são. E, se o Brasil tem 8% de toda a água potável do mundo e ainda assim vive esta situação, pior ainda para países em que a água não é abundante.

Para combater a escassez, o biólogo Leandro Valle Ferreira, supervisor de projetos do Fundo Mundial para a Natureza (WWF, na sigla em inglês), cita educação e preservação como principais medidas – incluindo “programas de preservação das nascentes de rios e lagos que abastecem as cidades”.


3. A falta de conscientização da população

A educação é imprescindível, pois “a população ainda não está conscientizada do problema”. Desde tomar banho demorado até lavar o carro sem necessidade, todos temos nossa parcela de responsabilidade.
Para se ter uma idéia, lavar o carro por 10 minutos despende 500 litros de água. O movimento Cidadania pelas Águas, ligado à Secretaria de Recursos Hídricos (SRH) do Ministério do Meio Ambiente, Recursos Hídricos e Amazônia Legal, estima que 75% da água consumida em casa são gastos no banheiro.

Cidadania pelas Águas é a única iniciativa de porte do governo federal na área. O projeto se resume a apoiar organizações que atuam na conservação dos recursos hídricos. “O movimento de Cidadania pelas Águas não é do governo, é uma ação pública coletiva, incluindo cidadãos que estão no governo e fora do governo, todos com uma característica: preservar os recursos hídricos do país”, diz documento da entidade.

O poder público tem planos definidos para tratar de problemas como a proteção dos mananciais, na figura de várias leis ambientais.

“Campanhas públicas poderiam e deveriam mostrar a necessidade de manutenção da qualidade da água através da preservação e proteção dos mananciais”, exemplifica ele.

O coordenador do Cidadania pelas Águas, engenheiro José Chacon de Assis, acrescenta que “se não houver mudanças para a prática do desenvolvimento sustentável do consumo de energia, transportes, arquitetura das cidades, entre outros, grande parte do planeta ficará sem água”. Assis, presidente do Conselho Regional de Engenharia do Rio de Janeiro, cita que os ataques à água potável podem ser minimizados com a regulamentação de lei específica.

A ambientalista Tea Magalhães não considera que o Brasil esteja perto do esgotamento, a não ser no Nordeste. Afinal de contas, o país detém 8% do potencial de água potável do mundo, em que pese a distribuição ser desigual no território. Nada menos que 80% da água potável brasileira estão na Amazônia, onde se concentram menos de 5% da população.

Um pouco diferente pensa Leandro Ferreira. Ele alerta que “a água está mesmo se tornando escassa”, pelo aumento do consumo, desperdício e falta de preocupação com a preservação dos recursos hídricos. Para comprovar, basta citar o exemplo chinês: 78% da água dos rios urbanos da China estão contaminados; 79% dos chineses bebem água imprópria.

O biólogo cita sua cidade, Manaus, como grande exemplo no Brasil. Mesmo estando no centro da maior concentração de recursos hídricos do Brasil, a Amazônia, a capital amazonense sofre com a falta de água, pelo crescimento desordenado e abastecimento deficitário.

 

4. A seca no Nordeste

Se o Brasil tem tanta água, porque o Nordeste sofre os efeitos da falta de H2O?

Mais uma vez, é necessário aplicar soluções simples – e algumas contestadas ambientalmente – como a transposição de águas, a perfuração de poços ou a formação de açudes.

Para garantir às populações pobres o acesso à água, Ferreira avalia que a racionalização do uso dos recursos seriam o primeiro passo. “Como o recurso é limitado e vem sendo desperdiçado, a racionalização poderia trazer benefícios para a população pobre, que em geral fica privada do acesso ou tem acesso a recursos de baixa qualidade”, diz.

Para o problema da escassez, uma das soluções é alterar a distribuição. Viabilidade técnica existe. O que se pensa em fazer no Nordeste, transpondo-se as águas do São Francisco para irrigar terras secas, já existe em São Paulo. A capital paulista é abastecida por água de outra bacia.

“Mas junto à viabilidade técnica é preciso pesar os aspectos ecológico, econômico e político”, alerta Tea Magalhães. A transposição de volumes muito grandes de água pode causar desequilíbrio ecológico nas regiões. Por isso, para Tea, “a distribuição de água é parte do planeta, e a ocupação do território, antes de tudo, deve ser vinculada às características do lugar”. A mesma desfiguração ambiental acontece com o represamento de águas, que altera todo o equilíbrio ecológico das regiões afetadas.

Falta ainda na implementação de melhorias nos sistemas de saneamento básico. A ambientalista Tea Magalhães afirma que não basta querer ter saneamento. É preciso poder. Os governos sempre priorizaram o abastecimento e, num segundo passo, a retirada do esgoto das casas. Somente agora se pensa em tratar os dejetos.

A própria ONU inclui o saneamento em suas preocupações. Relatório conjunto com o Instituto Ambiental de Estocolmo, de 1995, revelava que metade da população não tinha saneamento básico.

Por não ser tratado em sua maioria, o esgoto despejado diretamente nos rios é mesmo um dos grandes problemas que afligem o movimento e organizações não-governamentais. Muito do esgoto que vai para o rio não recebe nem mesmo tratamento primário, a simples separação do material sólido. Há ainda o tratamento secundário, com produtos químicos e biológicos, e o terciário, que inclui filtragem. “É preciso investir no nível de tratamento do esgoto”, observa Ferreira. Já as indústrias, para ele, “deveriam investir em seus próprios centros de tratamento”. Não fazem isso para evitar custos. E, sem controle do governo, ficam livres para poluir.

Tea Magalhães comenta que o despejo direto de esgoto nos rios é um problema ambiental grave, mas não o principal. De certa forma, a água é auto-limpante, podendo recuperar-se dos pequenos despejos domésticos diretos. “Mas ser for muito volumoso o esgoto não pode ser lançado diretamente no rio, porque a vazão pode não ser suficiente para dilui-lo”, diz.

Quanto às indústrias, seus efluentes são diferentes dos domésticos por estarem cheios de material inorgânico. As indústrias mais poluentes são as de papel e celulose, química e petroquímica, de refinação de petróleo, metalurgia, de alimentação e têxtil, nesta ordem. O que elas jogam na água, inviabilizando seu consumo, é digno de processo: metais pesados, ácidos e sólidos em suspensão e hidrocarbonos provenientes de pontos de extração, vazamentos de oleodutos e transporte por navios.

Por todos esses fatores, para muitos a escassez de H2O pode se tornar alarmante ainda antes de 2025, ano crítico para a ONU. O embaixador inglês na ONU, Crispin Tickell, alerta que “a crise no abastecimento de água desencadeará mais guerras do que o petróleo”. Tickell foi um dos organizadores da reunião de cúpula Eco-92, no Rio de Janeiro, que debateu políticas mundiais para o meio ambiente.

Em recente entrevista, o embaixador informou que “a demanda mundial por água dobra a cada 21 anos, mas o volume disponível é o mesmo desde o Império Romano”. Não há água que resista a um consumo que, segundo outra estimativa, foi multiplicado por três nos últimos 40 anos. Ou aumentado 10 vezes desde 1900, enquanto a população mundial foi multiplicada por quatro.

Quando se pensa que o planeta tem 70% de água, é impossível escapar da ilusão de que o produto é inesgotável. Mas não é bem assim. A ONG norte-americana The National Coalition Against Pesticide Use realizou estudo detectando que 97% da água da Terra ficam em oceanos, portanto não são potáveis. Outros 2% são geleiras eternas.

Ou seja, apenas 1% da água do mundo, ou 12.600 quilômetros cúbicos, está acessível ao homem. Porém, o gasto representa apenas 10% dos recursos disponíveis. Se a escassez não é problema, a poluição e o abastecimento das grandes cidades é.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) impõe restrições para considerar a água potável. No Brasil, que segue a OMS, os critérios para uma água ser potável são os seguintes: deve ser incolor, inodora, insípida, ter entre 70 miligramas e 500 de sais minerais por litro; ter pouquíssimo nitrato e nenhum amônio; ter não mais que 12 bacilos coliformes por litro. Há cerca de 50 componentes químicos que podem ser usados no tratamento da água.

5. O limite e a má distribuição de água no mundo

Além de não ser ilimitada, a água tem distribuição desproporcional

O Brasil tem 8% do volume mundial de água potável. O Canadá tem reservas 26 vezes maiores que o México, por exemplo, em relação à população.

A disparidade se agrava ainda mais com o aumento do consumo.
Uma família dos Estados Unidos gasta pouco mais de 2.000 litros diários de água, em média. Nos países subdesenvolvidos, além de ter que viajar vários quilômetros para obter água, as famílias têm em média apenas 150 litros diários à disposição.

Outro fator que pode acirrar a “guerra da água” no futuro é a utilização crescente de águas subterrâneas. O jornalista norte-americano Michael Serril alerta que “a exploração das águas subterrâneas deve prever o desenvolvimento de atividades que assegurem a recarga dos aqüíferos”.

Essa falta de provisão pode agravar ainda mais os efeitos de secas. Os Estados Unidos, em 1930, foram grande exemplo disso. A seca que atingiu o já árido sudoeste do país naquele ano obrigou as famílias de agricultores a deixar suas propriedades. Trinta anos depois, novamente os Estados Unidos, além do Nordeste do Brasil, China, Nicarágua e Portugal, sofreram mais com a seca porque sua população não se preparou para um período de chuva menos abundante que o normal.

Com todos esses fatores, cada vez mais cresce a consciência de que as fontes de água estão chegando ao limite. Não à toa, a água foi uma das questões prioritárias da assembléia geral da ONU de 1996.

Na ponta inicial do uso da água, as indústrias são responsáveis por 23% da utilização no mundo. O primeiro lugar vai para a agricultura, com 69%. O uso doméstico é responsável por apenas 8%. “Na indústria ocorre um desperdício brutal, assim como em estabelecimentos comerciais, resultado da pouca valorização da água tratada”, diz Tea Magalhães.

Mas a atividade agrícola não fica muito atrás. Não somente muitos métodos de irrigação usam água de forma desordenada. As fontes são contaminadas por fertilizantes ou pesticidas e também sofrem infiltração e drenagem não-controladas.

Um dos grandes vilões da escassez, a agricultura também terá um dos piores sofrimentos com a falta de água, porque precisa muito dela. Somente 17% da área rural são irrigados, mas produzem mais de 40% da colheita mundial.

O próprio homem é uma demonstração de quanto a água é importante. Segundo o professor Arthur Blásio Rambo, “aproximadamente 60% do peso de um adulto normal é água”.

O professor argentino Bernardo Houssay, prêmio Nobel de química, chegou a dizer que “o organismo é formado de água na qual se acham dispersas micelas, moléculas e ions”. Mas em nenhuma parte do organismo ela está em estado puro.

O mesmo acontece na natureza. Como diz o também professor Samuel Murgel Branco, antigo pesquisador da Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, a existência da água pura é hipotética. “Mas a pureza química é não só dispensável como até indesejável. Muitos dos compostos minerais ou elementos químicos que se encontram dissolvidos nas águas constituem fatores de grande importância fisiológica”, fala ele.

6. A saída é a cooperação

É da África que vêm alguns exemplos de que a cooperação pode sair vitoriosa na guerra da água

O continente tem 19 dos 25 países considerados pela ONU com o menor acesso à água potável e mesmo assim a sobrevivência passa a ser balizador das ações nesses países.

O Egito constrói o canal El-Salam, com 242 quilômetros de extensão. O canal, que já está em obras, vai criar 2.500 quilômetros quadrados de novas áreas rurais em pleno deserto do Sinai, nos dois lados do canal de Suez. O projeto, estimado em US$ 2 bilhões com apoio do Banco Mundial, deve ficar pronto ainda este ano.

Outro projeto, que já está sendo chamado de megalômano por críticos do governo, prevê o bombeamento de água da bacia de Toshka, que abastece o lago Nasser. Serão desviados 25 milhões de metros cúbicos de água por dia para irrigar 5.000 quilômetros quadrados de áreas rurais. Projetos como os egípcios são questionáveis, pelo alto custo e grande impacto ambiental. Mas pequenas soluções são aplaudidas.

Na Somália, o dinheiro arrecadado pelas comunidades com a venda de água – cinco centavos o balde de 20 litros, em média – é reaplicado para aprimorar a captação. Na Cidade do México, banheiros públicos foram recondicionados com descargas que consomem apenas seis litros por uso e garantem a extensão do abastecimento a outros lugares.

Em Melbourne, Austrália, houve 30% de economia na década de 80, devido a campanhas televisivas.

Na indústria, então, os ganhos podem ser ainda maiores. Campanhas junto às metalúrgicas norte-americanas reduziram o consumo de água, de 280 para 14 toneladas a cada uma de aço produzida, com reciclagem de boa parte da água já utilizada. A irrigação por gota utilizada na agricultura pode brecar o consumo em até 25%, economizando preciosos litros.

Para especialistas como Gordon Conway, consultor do Banco Mundial e da Fundação Ford, são viáveis iniciativas como a conservação crescente aliada à conscientização. Por incrível que pareça, até a cobrança de água pode mostrar à população que ela é um bem valioso.

7. Contaminação gera prejuízos à saúde

Sete em cada 10 pacientes de hospitais sofrem de doenças relacionadas à poluíção na água.

A contaminação da água gera graves problemas à qualidade de vida e saúde das populações.

Diarréia, cólera, febres tifóide e paratifóide, hepatite, disenteria bacilar, gastroenterites, parasitoses e teníase são apenas algumas das doenças que se propagam pela falta de água e pela sua contaminação, bem como por esgotos não-tratados.
Câncer e moléstias do coração também podem ser causados por substâncias em suspensão na água. Da mesma forma, esses compostos podem atacar o sistema endócrino das pessoas, inibindo a ação dos hormônios.

Relatório recente da ONU revelava que 25 mil pessoas morrem diariamente por problemas na água.

As Nações Unidas também declararam que, em todas as épocas do mundo, metade da população tem sofrido, direta ou indiretamente, de doenças relacionadas ao produto. Hoje, estima-se que nos hospitais a cada 10 pacientes sete sejam vítimas de doenças transmitidas através da água.

A ONG inglesa Rede de Mulheres pelo Meio Ambiente afirma que até 8% dos bebês nascidos na Grã-Bretanha tenham sofrido danos no sistema nervoso e perda da memória pela exposição a substâncias como dioxinas e clorinas, produtos resultantes da incineração do lixo e poluentes do ar e da água.

As doenças em geral são provocadas pelo uso inadequado da água, que também pode causar o esgotamento dos recursos hídricos a médio prazo. Sem o aprimoramento da utilização desses recursos, cresce o risco da diminuição da água subterrânea e diminui a proteção sobre as fontes. É por isso que o nível da água está caindo em todo o mundo, levando junto os aqüíferos subterrâneos e provocando seca nos lagos e mangues.

As fontes subterrâneas estão especialmente ameaçadas.

Cerca de metade da população do mundo, tanto urbana quanto rural, capta água para consumo e irrigação desses locais. Se o despejo direto de esgoto é a principal causa de contaminação de águas superficiais, as águas sob a terra sofrem com a manutenção deficiente e redes de esgoto e fossas individuais, infiltração de material industrial tóxico e má conservação de depósitos de lixo.

8. Conflitos mundiais e a escassez de água

Conflitos mundiais são agravados pela escassez de água.

Escassa e valiosa, a água sempre foi motivo de conflito. O secretário do Programa Hidrológico Internacional (PHI) da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) na América Latina e Caribe, Andras Szöllösi-Nagy, conta que “o primeiro caso publicado de conflitos relativos à água ocorreu em Canaã, entre Abraão e Abimelec, rei dos filisteus”.

Para resolver essas pendências, Szöllösi-Nagy sugere a negociação. “O emprego da força bruta está longe de ser a melhor solução para quem quiser compartilhar recursos hídricos”, fala. As brigas pela água foram tema da conferência internacional sobre negociações em conflitos sobre água, realizada em Haifa, Israel, em 1997.

Recentemente, o produto foi usado como arma na guerra da Bósnia. Michael Serril, da revista norte-americana Time, diz que “os sérvios que sitiavam Sarajevo feriram seus inimigos no suprimento de água”. Primeiro, a eletricidade foi cortada, com o que as bombas de água pararam de funcionar. Então, os sitiados tiveram que expor-se às balas sérvias para encontrar água, morrendo em grande quantidade. A situação durou de 92 a 95.

Na guerra que devastou a Somália, país do leste africano, no início da década, aconteceu algo semelhante. Poços eram enchidos com pedras, tubulações eram roubadas. Como resultado, milhares de somalianos tinham que usar água contaminada e morreram de cólera.

O barril de pólvora que é o Oriente Médio tem na água um componente a mais de tensão. Os palestinos de Gaza têm direito a somente 70 litros de água por dia, e mesmo assim a Autoridade Palestina reclama que Israel não tem cumprido acordo firmado em Oslo, Noruega.

Os israelenses também são acusados de, na guerra dos Seis Dias, em 67, terem desviado aqüíferos subterrâneos na margem oeste do rio Jordão. E exatamente por água o rei Hussein, da Jordânia, teme um conflito de seu país com os israelenses.

Especialistas em água estimam que o consumo terá que ser diminuído em breve na região. Para isso, vários projetos têm sido estudados. Hoje, árabes e judeus usam a dessalinização da água, que por ser cara é apenas temporária. Cada metro cúbico de água sem sal custa até US$ 2, mesmo com a tecnologia mais avançada.

Sem água, Israel não consegue a auto-suficiência na produção de alimentos. “É mais fácil e barato trazer para o país um contêiner de frutas e verduras que um contêiner de água”, diz Gershon Baskin, diretor do Centro Israelita-Palestino para Pesquisa e Informação, em Jerusalém.

 

9. Uma ameaça ronda a Terra

É possível vida sem água?
Os recursos hídricos do planeta Terra são inesgotáveis?

Questões como essa começam a povoar as mentes de ambientalistas, organismos internacionais e governos espalhados pelos cinco continentes.

Ocorre que no limiar do século XXI, segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), um terço dos países do mundo terá escassez permanente desse precioso líquido.

Imaginar uma situação em que boa parte da população do planeta deixe de ter acesso à água não é obra de ficção científica produzida pelo cinema. Indiferente a essa ameaça, a sociedade das grandes cidades nem sequer tem idéia de que a falta do produto já atinge 20% dos habitantes do mundo. O problema é tão sério que a ONU instituiu o dia internacional da água em 22 de março deste ano, procurando com isso alertar os diversos governos sobre a necessidade de se adotar medidas que mantenham a qualidade da água advinda dos mananciais.

Levantado oo debate sobre o assunto, temos que ter consciência de que cabe a cada um de nós fazer a sua parte. É preciso perseguir a meta de evitar que a guerra por esse bem valioso se alastre, Brasil afora.

autor: Marcio Sardi
fonte: FENAE AGORA de 10/10/98 www.fanea.org.br

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